
José Maria Marin
Ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), faleceu na madrugada do último domingo (20), aos 93 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Marin havia passado mal no sábado (19) e sido internado, mas não resistiu. A causa oficial da morte não foi divulgada pelas autoridades de saúde, e o corpo será velado ainda nesta tarde na capital paulista, reunindo familiares, amigos e personalidades do futebol brasileiro.
Marin alcançou grande notoriedade nacional e internacional durante sua gestão à frente da CBF, exercida entre 2012 e 2015, após a renúncia de Ricardo Teixeira. Durante seu mandato, também assumiu o Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil, que ficou marcada na história por grandes momentos e também pelo episódio histórico da derrota da Seleção Brasileira por 7 a 1 para a Alemanha, em pleno Mineirão, nas semifinais. O evento trouxe grande repercussão para a administração de Marin e para o futebol brasileiro, refletindo tanto desafios organizacionais quanto pressões políticas e esportivas.
Em 2015, pouco tempo após deixar a presidência da CBF, José Maria Marin foi detido na Suíça em uma operação conduzida pelo FBI, no escândalo conhecido internacionalmente como Fifagate. Ele foi acusado de receber US$ 6,5 milhões em propinas relacionadas à venda de direitos comerciais de torneios como a Copa do Brasil, a Libertadores e a Copa América. Marin cumpriu parte da pena em prisão domiciliar nos Estados Unidos, decretada em 2017, sendo libertado em 2020, durante a pandemia de Covid-19, por questões de saúde. Nos últimos anos, sua saúde era considerada delicada, agravada por um acidente vascular cerebral (AVC) ocorrido em 2023, que exigiu acompanhamento médico constante em São Paulo.

Antes de sua trajetória na cartolagem e na administração esportiva, José Maria Marin teve uma carreira política relevante. Nos anos 1970, foi deputado estadual pela Arena (Aliança Renovadora Nacional), sendo reconhecido por seus discursos conservadores e anti-esquerdistas. Em 1982, assumiu o governo do Estado de São Paulo após a saída de Paulo Maluf, consolidando sua influência política e administrativa no cenário estadual.
Paralelamente à carreira política
Marin também teve uma breve passagem pelo futebol como jogador do São Paulo Futebol Clube (SPFC), mantendo ao longo da vida uma relação próxima com o clube. Durante a Ditadura Militar, liderou a Federação Paulista de Futebol, cargo que ocupou até 1988, período em que também atuou como chefe da delegação brasileira na Copa do Mundo de 1986, realizada no México. Essa experiência fortaleceu sua trajetória dentro do futebol e o consolidou como uma figura central na organização de campeonatos e torneios nacionais e internacionais.
Além disso, José Maria Marin foi responsável pela inauguração da sede da CBF, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, e chegou a batizar o edifício com seu próprio nome. A homenagem, porém, foi posteriormente removida durante a gestão de seu sucessor, Marco Polo Del Nero, em meio às investigações internacionais sobre corrupção e prisões de cartolas na Suíça. Apesar das controvérsias, Marin deixou uma marca significativa na história do futebol brasileiro, sendo lembrado tanto por sua influência na CBF quanto pelo papel desempenhado na organização de eventos internacionais.
A morte de José Maria Marin marca o fim de uma trajetória longa e polêmica, que transitou entre política, futebol e escândalos internacionais. Personalidades do esporte, ex-atletas e dirigentes expressaram pesar nas redes sociais, destacando sua importância na história do futebol brasileiro e seu envolvimento em momentos marcantes, como a Copa do Mundo de 2014.
Marin será lembrado por sua longa trajetória política e esportiva, marcada por conquistas, controvérsias e pela intensa atuação dentro da CBF e da política paulista. Seu legado continua a gerar debates sobre ética, administração esportiva e a relação entre política e futebol no Brasil.