
Às vésperas do feriado de 7 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão. A fala, transmitida na noite de quinta-feira (6), reforçou a importância da soberania nacional em um momento de forte turbulência política e diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos.
O discurso ocorreu em meio a medidas adotadas pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, que anunciou um tarifaço contra produtos brasileiros, com apoio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Segundo o republicano, a decisão foi motivada pelo que ele classificou como uma “perseguição injusta” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no processo que investiga a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.

Tensão entre Brasil e Estados Unidos
A medida de Trump gerou forte reação no Brasil, ampliando o debate sobre a relação entre os dois países. A polêmica se intensificou quando o Supremo Tribunal Federal (STF) também passou a ser alvo de retaliações. O ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos relacionados ao 8 de janeiro, foi incluído na lista de sanções norte-americanas com base na Lei Magnitsky, que prevê o bloqueio de bens e contas, além da proibição de entrada nos EUA.
O gesto foi interpretado por analistas como um episódio inédito de interferência internacional em assuntos internos do Brasil, aumentando o clima de instabilidade política.
Lula relaciona independência à atualidade
Durante seu pronunciamento, Lula fez um paralelo histórico entre a colonização do Brasil e a atual conjuntura política. Segundo ele, a independência conquistada em 1822 continua sendo um marco que precisa ser lembrado diante de pressões externas.
“Na época da colonização, nosso ouro, nossas madeiras, nossas pedras preciosas, nada disso pertencia ao povo brasileiro. Toda nossa riqueza ia embora para ajudar a enriquecer outros países. Mais de 200 anos se passaram e nós nos tornamos soberanos. Não somos e não seremos novamente colônia de ninguém”, afirmou o presidente.
O chefe do Executivo reforçou que o Brasil deve se manter firme em defesa de sua autonomia e destacou que nenhum governo estrangeiro deve interferir nas decisões internas do país.
Pix e críticas à influência internacional
Em tom nacionalista, Lula também enalteceu o Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central, utilizado diariamente por mais de 175 milhões de brasileiros. Segundo ele, a ferramenta estaria sob investigação da Casa Branca devido ao seu sucesso e ao impacto internacional que causa no setor financeiro.
“Somos capazes de governar e de cuidar da nossa terra e da nossa gente, sem interferência de nenhum governo estrangeiro. O Brasil tem um único dono: o povo brasileiro”, declarou.
O destaque ao Pix buscou reforçar a ideia de que o Brasil pode desenvolver soluções próprias sem depender de modelos externos.
Manifestações no 7 de setembro
Além do desfile oficial em Brasília, o Dia da Independência foi marcado por manifestações em diferentes Estados. Em Brasília, Lula participou das celebrações ao lado de autoridades e militares, em cerimônia que contou com reforço na segurança.
Enquanto isso, em São Paulo, movimentos de oposição organizaram um ato na Avenida Paulista em defesa da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, que resultou na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. Entre os réus do processo está o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontado pelo STF como parte do “núcleo central” da tentativa de golpe.