Perigos do excesso de telas para crianças

Nos últimos anos, os avanços na tecnologia superaram marcos históricos, com o lançamento de celulares, tablets e televisões mais modernas. A necessidade de se manter conectado e em frente a uma tela se tornou uma rotina na vida de todos. Videogames, celulares e computadores estão entre os principais mais usados por crianças e jovens atualmente.

Mas o que muitos pais e responsáveis não percebem é que o excesso de tempo diante das telas pode trazer sérias consequências para o desenvolvimento físico e mental das crianças. Nesse artigo, vamos explicar por que o uso de telas deve ser controlado e explicar os impactos negativos que podem trazer na vida do seu filho(a). Confira!

Por que os pais devem regrar o tempo de tela?

Segundo os dados da OMS – Organização Mundial da Saúde, crianças de até 5 anos de idade não podem ficar mais do que 1 hora por dia em frente a telas. Com idade inferior a isso, não devem, de forma alguma, ter acesso a esse tipo de conteúdo. Mas por quê?

O primeiro fator é que o corpo e a mente da criança estão em fase de desenvolvimento. Ficar longos períodos em frente a uma tela, sendo exposto a conteúdos que possuem excesso de cores e diálogos rápidos, pode trazer consequências irreparáveis.

No entanto, a realidade é totalmente diferente. Pesquisas recentes mostraram que as crianças passam de 3 a 6 horas por dia conectadas à internet ou em frente a uma televisão, assistindo, jogando ou navegando em aplicativos.

Esse aumento é causado por:

  • Pais atarefados ou presos em muito trabalho, permitindo que os filhos fiquem distraídos com as telas – tornando-as uma “babá digital”;
  • O fácil acesso aos conteúdos digitais e online;
  • Atualização nos métodos de ensino (EAD);
  • Influência de redes sociais como YouTube e TikTok.

Quando usadas com moderação, podem ser benéficas para a saúde.

Impactos físicos do excesso de telas.

O uso constante de telas pode causar um efeito chamado “síndrome da visão computacional”, possuindo sintomas como:

  • Olhos secos e irritados;
  • Dores de cabeça e enxaqueca;
  • Dificuldade na concentração;
  • Vista embaçada e constantemente cansada.

Além disso, os dispositivos mais atuais possuem muita luz azul, que pode atrapalhar o sono natural e aumentar o risco de miopia em crianças, algo que vem crescendo muito em todo o mundo. Fora esses sintomas, quando uma criança passa o dia todo vendo desenhos na televisão, ela pode desenvolver dificuldades de raciocínio lógico e cognitivo.

No corpo, a criança pode desenvolver obesidade e sedentarismo. A mudança de vida da geração passada para a nova geração é notável. Nossos antepassados passavam o dia na rua jogando bola, ou correndo descalço, brincando e se sujando. Poucos eram os casos de doenças ou problemas psicológicos, pois, além de desenvolverem um alto nível de anticorpos, eles estimulavam muito a cabeça para criar histórias e cenários fictícios que alimentam a infância.

Hoje em dia, as crianças quase não saem de suas casas e passam o dia em frente às telas, sentadas. Isso significa menos tempo para correr, brincar e se movimentar. Esse comportamento está diretamente ligado à obesidade infantil, favorecendo problemas cardiovasculares e metabólicos.

Impactos mentais do excesso de telas.

O impacto emocional, talvez, seja um dos mais preocupantes. Pois quanto maior o tempo de tela, maior o risco de ansiedade, depressão e irritabilidade em crianças e adolescentes. Jogos digitais, vídeos rápidos e aplicativos com recompensas rápidas estimulam constantemente o cérebro da criança.

Isso causa hiperatividade e falta de concentração, já que o cérebro se acostuma a estímulos rápidos, fazendo a criança perder o interesse em atividades mais lentas, como leituras e brincadeiras “offline”.

Além disso, está muito comum as crianças substituírem o tempo com os amigos e familiares pelo tempo com as telas. Isso contribui para a dificuldade de socialização, timidez e baixa empatia, já que passam menos tempo interagindo com outras pessoas.

Efeitos no desempenho escolar e aprendizado.

Esse abuso de telas também tem um efeito negativo no aprendizado escolar. Crianças acostumadas a vídeos rápidos e excesso de cores possuem dificuldade de manter o foco em tarefas que exigem esforço mental contínuo, comprometendo o desempenho escolar e cognitivo.

As atividades manuais, jogos de faz de conta ou o famoso esconde-esconde foram substituídos por telas, causando um efeito de estímulo rápido e sem esforço físico.

Recomendações de tempo de tela por idade:

De acordo com a SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria e a OMS, os limites recomendados são:

  • Até 2 anos de idade: nada de telas; nessa fase, as crianças devem ser privadas desse universo.
  • De 2 a 5 anos de idade: até 1 hora por dia, acompanhado dos pais.
  • De 6 a 10 anos de idade: no máximo 2 horas por dia, com pausas em horários fixos e equilíbrio com atividades físicas.
  • A partir de 11 anos de idade: uso moderado, mas ainda sob a supervisão dos pais, priorizando os estudos e convivência social.

Essas orientações ajudam a manter uma relação saudável com a tecnologia, evitando vícios e desequilíbrios.

Como tirar meu filho da frente do celular?

excesso de telas para crianças

Muito pais possuem essa dúvida; a boa notícia é que isso é possível, mas não deve ser feito de uma vez. Assim como todo vício, caso seja barrado de uma vez, a abstinência de telas e a necessidade de ver alguma coisa pode também ser prejudicial, portanto siga essas orientações:

  1. Faça de forma gradual:
    Monte um roteiro de atividades que a criança deverá fazer durante o dia e use as telas como recompensa. Isso vai estimular a criança a desenvolver suas capacidades mentais.
  2. Estimule brincadeiras físicas e sem uso de telas:
    Ofereça alternativas divertidas e que prendam a atenção, para evitar sentirem a necessidade de assistir a alguma coisa, como jogos de tabuleiro, cartas, pintura…
  3. Hora de desligar:
    Se o padrão de consumo é no período da noite, estabeleça uma hora para encerrar a programação; o certo é pelo menos 1 hora antes de dormir. Isso ajuda a regular e melhorar a qualidade do sono.
  4. Use as telas a seu favor:
    Administre o conteúdo, para que seja algo produtivo, como vídeos educativos, testes de raciocínio lógico e atividades que estimulem a cabeça.

Benefícios da redução de telas:

Os resultados de reduzir as telas em uma criança são quase que instantâneos; a criança irá dormir melhor e se concentrar mais em atividades lentas. Terá uma criatividade mais desenvolvida e uma curiosidade para coisas novas que pode até irritar, mas é saudável.

Além disso, pode reduzir comportamentos agressivos e até ansiedade, deixando a criança com uma maior disposição física e emocional.

O segredo está no equilíbrio: usar a tecnologia como ferramenta e não como refúgio ou distração. Assim é totalmente possível unir o útil ao agradável de forma saudável e sem prejudicar a criança em nenhuma área da vida.

Gabriel
Gabriel